sábado, 12 de dezembro de 2009

Ofensa aos gamers

Ontem houve alguns acontecimentos que me deixaram estrogonoficamente irritado. Prossigamos com a narração da porra toda.

Pela manhã, sem muitos problemas. Fui acordado e empurrado para fora da cama, como sempre, pelo maldito superego, meia hora depois da tentativa mal sucedida do despertador do celular. Enquanto escovava os cabelos e desembaraçava os dentes, torcia para que meu pai não oferecesse carona, pois assim eu seria obrigado a pegar o ônibus, potencializando assim minhas chances de chegar atrasado e perder alguns minutos de aula. Não foi o que aconteceu e eu, com a atleticidade de Homer Simpson, aceitei o favor, afinal, entre alguns minutos a mais de aula e uma caminhada de 300 metros até a parada (somada à possibilidade de ter que enfrentar 30 minutos de pé no busão, por falta de lugares disponíveis), é elementar a alternativa a ser escolhida.

A meio caminho da sala, num raro e breve lapso de notável memória, recordo-me do aviso da professora de que a aula seria de laboratório. Então reprogramo mentalmente a rota, andando da maneira mais vagarosa possível que não me fizesse parecer retardado, para maximizar o tempo perdido - o que se revelou uma tentativa vã, já que a professora sequer havia chegado, e ainda haviam alunos da aula do horário anterior no laboratório, finalizando os experiementos.

Enquanto esperava pelo início da aula no corredor, só o que sentia era uma crescente indignação, pois como é de conhecimento geral dos alunos frequentadores do prédio dos laboratórios de física, as aulas lá são um inferno: várias vezes há equipamentos com defeito e/ou faltam fios, multímetros (para o caso da Física II-C), etc. Aí temos que ficar esperando e pedindo emprestado, de mesa em mesa, para os que já terminaram tal parte do experimento. Há pouco professor para muitos alunos com muitas dúvidas, então também devemos esperar para perguntar alguma coisa. E os experimentos muitas vezes são mal explicados; não fica claro o que deve ser feito, o que deve ser entregue ao professor no final da aula, enfim, uma chatice só. E todo o esforço para aguentar essas aulas não tem quase nenhum valor na avaliação do aprendizado do aluno.

Durante a conversa com meus colegas de experiemnto, entre uma medição corrente elétrica e outra, descobri que o trabalho de projeto de uma outra disciplina, que eu acabei não fazendo, não precisaria ser apresentado em aula, pois o professor não poderia comparecer e simplesmente deixaria um bolsista esperando na sala, encarregado de receber os trabalhos em DVD. Isso significa que se eu tivesse pedido (ou pago) para alguém colocar meu nome no trabalho, eu teria uma quase razoável chance de passar nesta cadeira. Si fudê, esse professor não avisa direito os esquemas...

Passando a manhã um pouco desagradável, e avançando a fita para pular a tarde, que transcorreu dentro da normalidade, vamos finalmente ao Troféu Ignorância do dia.

Estava eu bem feliz porque há alguns dias descobri uma video-locadora relativamente próxima à minha casa que, adivinhem, também loca jogos de PS3. Vi o catálogo pela internet e já estava todo animado pensando: "Pô, esses caras sabem das coisas. Estão ligados que nós gamers às vezes não temos condições de pagar pelo produto original, então estão investindo nisso..."

Apesar de não ser tão longe de casa, achei que poderia ficar meio perdido, então propus à mãe que levasse eu e meu irmão de carro para alugarmos uns filmes e jogos. Assim nós nos preocuparíamos em olhar as placas com os nomes das ruas para ver se estávamos tomando o caminho certo.

Chegando lá, nos impressionamos com o baita tamanho do lugar. Além das alas de locação, havia uma área exclusiva para venda, no segundo andar. Primeiramente descemos uma pequena escada, à direita de quem entra lá, que levava à área dos filmes "comuns". Depois de olhar bastante, não achamos nenhum jogo de PS3 nas estantes. Nos dirigimos então de volta ao balcão, pleo qual passamos na entrada, e eu perguntei a um dos atendentes:
- Vocês têm jogos de Playstation 3 também, né?
- Isto.
- Onde é que eles ficam?

Eis que surge o motivo da revolta extrema.

O atendente, apontando para uma área similar àquela da qual havíamos voltado, porém bem menor, e no lado oposto, descendo as escadas à esquerda de quem entra, respondeu:
- Descendo ali, naquela entantezinha azul pequena, com a foto do Iron Man.

Eu, ainda sem perceber direito para onde eu estava me dirigindo, desci os 8 ou 9 degraus e consegui focalizar o logotipo de identificação das capas dos Blue-ray's ali dispostos: "Playstation 3".

Mas, poucos segundos depois de começar a verificar os títulos mencionados no site, notei uma atmosfera estranha. Virei a cabeça vagarosamente para o lado, me desfazendo da empolgação de achar os jogos para alugar, e o que vi? Um DVD do Ursinho Pooh. Percibi instantaneamente onde eu estava... NA SEÇÃO INFANTIL!!!

A raiva me dominou. Como pode este ser um país tão ignorante e atrasado? Se alguém ainda está boiando, deixa eu explicar melhor. Ao deixar os games de PS3 na seção infantil da locadora, eles estão simplesmente dizendo que jogar PS3 é coisa de criança. Quem joga videogame é criança. Essa é a coisa mais errada que alguém pode dizer, desde isto aqui.

Sabe, da mesma forma que nas locadoras nós temos uma área reservada para os temas adultos (pornografia, para ser curto e grosso), essa divisão deve ser feita com os games também. Há jogos criados, de fato, para crianças, mas também há jogos com temas adultos. Com nudez, violência, sangue, palavreado de baixo calão e com enredos complexos voltados para o público maior de 16 ou 18 anos. Tipo, eles colocaram jogos como GTA IV e F.E.A.R. 2 (ambos com classificação etária "Mature", ou seja, 17 anos ou mais) na seção infantil, junto com o DVD do Ursinho Pooh. Vai ser idiota assim na puta que pariu, caralho.

"Queria tanto que o Pooh estivesse aqui para brincar comigo..."

Nada mais a declarar.

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