terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A confusa história do Gre-nal consumista que destravou um PS3 de alma metamórfica

Ontem, ou melhor dizendo, hoje às 3h20min da madrugada, durante o exercício de pensar em (leia aqui um número aleatório de 5 dígitos) coisas antes de pegar no sono, como sempre faço, mesmo que involuntariamente algumas vezes, me surpreendi com a auto-observação de que eu me importei muito mais com a recente notícia que li de que um cara de 19 ou 20 anos conseguiu, enfim, hackear o PS3 do que me importei com o resultado do Gre-nal deste domingo.

Tirando essa foto que achei na internet, Gre-nais estão ficando chatos.

Com o segundo fato sequer fiquei chateado (sou gremista - bem menos do que eu era no passado, mas ainda assim, gremista). Aliás nem acompanhei o jogo e só olhei o resultado porque estava na primeira página do jornal. E se há alguns meses atrás eu não daria tanta bola para o primeiro fato, afinal nem possuía ainda um PS3, embora eu talvez ficasse bem mais animado e motivado a comprá-lo, agora eu vibro com tal notícia.

Bom, mas indo ao que interessa: o PS3 foi hackeado, mas em termos práticos o que isso significa? Significa que agora é possível fazer qualquer coisa com ele. Inclusive achar um meio de desbloqueá-lo para rodar jogos piratas. Não sou a favor da pirataria, mas infelizmente é preciso encarar a realidade brasileira. Quando se vê um jogo de videogame na vitrine de uma loja por R$ 289,99 acho que é normal qualquer um se sentir fortemente desmotivado a adquirir o produto original, a menos que a criatura tenha um pai multimilionário dono de uma emissora de televisão ou um pai político desviando dinheiro público para proveito próprio e familiar. Claro, há também o Mercado Livre, onde as coisas são geralmente mais baratas, e também podemos nos contentar (e arriscar) em comprar games usados, velhos e tal. Mas mesmo assim ainda é uma puta grana que não voltará mais.

Provavelmente em breve será possível comprar jogos piratas para o PS3... Lol.

Isso sem falar que esse dinheiro todo poderia ser aproveitado em várias outras coisas úteis, tais como um livro ou mangá, ingressos para algum show ou evento importante, pc stuff como placa de vídeo, mouse, mousepad, teclado e headset novos, ou digamos uma câmera fotográfica (e de vídeo), que a tempos estou precisando, talvez um desses aparelhos MpX com tendência exponencial de aumento de funcionalidades (onde X = nº de funcionalidades), quem sabe um iPhone, etc.

Falando nisso, tenho manifestado nos últimos tempos um desejo nerd-consumista significativo. Desde o final de 2000, quando deixei de me interessar por bonecos de ação, Tazos e figurinhas colecionáveis do Pokémon e mais um sem-número de brinquedos toscos, não sou mais materialista. Bastava um PlayStation One e alguns jogos (tá bom, é mentira, mas que guri de 11 anos não sonhava com o novíssimo PS2 na época?), conexão com a internet era inexistente ou discada nos lares mais afortunados, e já se podia ser feliz. Também nunca liguei muito para presentes. Mas agora, já um marmanjo a nível universitário, parece que a vontade de comprar está reaparecendo.

Maldita vontade de comprar. Malditas propagandas e promoções imperdíveis.

Não sei, talvez seja uma necessidade de reaver os desejos inconscientemente suprimidos da adolescência de comprar o que um jovem normal deveria querer. Talvez seja porque em breve arranjarei um trabalho e quero poder ter a satisfação de dizer que comprei com meu próprio suor. Não sei, nem eu me entendo às vezes... Só sei que quem não muda é porque morreu. Pode estar "vivendo", mas morreu de espírito. Eu mudo. E tu, mudas?

Obs.: O título é uma referência às confusas composições de Kurt Cobain, nas quais diversos assuntos se misturam numa única e enigmática letra, que aparentemente pode ser só um aglomerado de versos aleatórios e sem sentido. Só usei isto para chamar atenção. xD