domingo, 5 de abril de 2009

Será...

Domingos à noite são duros. Acaba a euforia do final de semana e recomeçam as preocupações com os estudos, trabalho, estresse... E eu, em vez de aproveitar até o fim cada minuto do que me resta do domingo, já começo a sofrer por antecipação.

O fim de semana foi bom: aprendi japonês com um professor muito engraçado, fui ao parque e revi amigos, joguei um pouco de videogame, gastei algumas horas no computador, dormi tarde, almocei yakisoba, sai, vi gente diferente, ri bastante. E foi o que eu deveria ter feito mesmo. Me esforcei durante a semana nos estudos para ter o sábado e o domingo mais livres e me descontrair um pouco.

E justamente esse contraste, do fim de semana bom com a volta ao sacrifício, me faz pensar, refletir... Sobre a vida.

Disse para o meu pai que usaria o próximo feriado e fim de semana, da Páscoa, para estudar, e por isso tirei este último de folga, pois prefiro estudar num fim de semana mais próximo da prova, para ter o conteúdo afiado na cabeça, e já que as provas serão segunda. Como ele tinha planos de viajarmos nesses dias para Santa Catarina, ele me respondeu: "Tem certeza? Ninguém faz isso de estudar no feriado de Páscoa, todo mundo viaja, vai ver a família, descansa...".

Isso realmente me fez refletir, e me surgiram dúvidas. O que ele espera de mim? Foi ele mesmo, uma vez, quando eu disse que estava com problemas com a matéria, que disse que eu estudasse mais. Também foi ele que, quando comentei que passei nas cadeiras, mas com várias notas medíocres, disse que a gente tem que sempre se esforçar, para estar entre os melhores. Tenho que me esforçar? Ou tenho que curtir o final de semana? Vão me pressionar em casa, se eu começar a demorar para conseguir meu diploma? Eu deveria fazer um número reduzido de cadeiras no semestre, começar a trabalhar, e talvez já sair de casa, para evitar uma possível pressão? Ou me concentrar exclusivamente na faculdade, para acabar rápido?

Muitas dúvidas, muitas dúvidas... E o pior é que quando começo a pensar, não paro mais. Analizo também outras coisas, sobre as quais fazia tempo que não pensava. Será que não estou me esforçando demais, levando as coisas muito a sério? Há também a questão da juventude: Será que não estou desperdiçando a minha juventude, estudando em demasia? Quer dizer, o tempo está passando, já estou criando uma barriga, mesmo que ainda tímida, e daqui a pouco não vou mais ter tanto gás para praticar esportes. E nem tempo. Quando eu for mais velho já vou ter que parar de fazer certas coisas, já vai ficar meio ridículo ir a certo show, ir a festas, terei que agir com mais responsabilidade. Então será que não é agora o momento de aproveitar, fazer besteira, rodar naquela cadeira foda, rir mais e se preocupar menos?

Por outro lado, é sempre bom se preparar para o futuro. Será que, estudando onde estudo, me sacrificando, atingindo conceitos acima do regular, não terei melhores oportunidades no futuro? Não conseguirei cargos melhores? Um emprego decente, bem remunerado?

Será que devo estudar numa faculdade com uma infra-estrutura fraca, onde a desorganização e o lema "Te vira" reinam, porém com uma forte base teórica, na qual uma grande quantidade de estudo é exigência? O sofrimento é grande, mas o reconhecimento e o "peso do canudo" são consideráveis. E muitas pessoas todo ano se dedicam e brigam nessa competição que é o vestibular, só para estar aqui no meu lugar. Tenho o direito de esnobar essa vaga?

Ou o melhor mesmo é cursar o Ensino Superior na rede privada? Pagar caro, mas pelo menos ter salas de aula decentes, equipamentos mais atualizados e eficazes, área para esportes e lazer, horários que tomem somente um dos períodos do dia (manhã, tarde ou noite), possibilitando um aproveitamento melhor do tempo. Poder curtir um pouco mais.

E será que, com os pais pagando a faculdade, e eu não fazendo nada além de estudar, teria o direito de pedir aquela televisão, som novo ou um upgrade no computador no aniversário, e aquele ingresso para o show do Oasis? Não teria nem coragem, hehe.

A dúvida é a fiel companheira da vida. A cada etapa, a cada fase, nos deparamos com algo novo e diferente, e com indagações sobre o futuro. E temos que nos decidir, mesmo que ainda imaturos e inexperientes.

Bom, se tu anda perdido, confuso, te perguntando se o que tu escolheu é o melhor, saiba que não és o único. Às vezes os outros, por mais confiantes e seguros que possam parecer, também têm suas dúvidas. O esquema é não enlouquecer com as preocupações, por que se tu acertou na tua decisão, ótimo; se errou, pelo menos tentou, e aprendeu com o erro.

Desculpe o texto grande hoje. Té mais.

Obs.: eu tinha que revisar uma coisa agora de noite, para uma prova amanhã, mas fiquei com vontade de escrever aqui e pensei: "Ah, foda-se."

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